Eu falo.
Você parece me escutar, atento, olhando nos meus olhos, contar os detalhes da
minha última viagem. E pausando a fala, numa pontuação necessária, inspiro.
Você, rápido como um lagarto, enquanto expiro, inicia um assunto que não
consigo engatar com nada do que disse. Logo agora que ia começar a contar a
melhor parte da viagem! Por alguns instantes fico perdida e não presto atenção
no que fala. Mas logo me ponho de prontidão. No primeiro segundo de pausa, faço
como você e entro em cena com o resto da minha estória.
Já presenciei este tipo de "conversa" em muitas ocasiões: as pessoas querem falar e não se importam muito se a conversa flui, se os assuntos encadeiam-se. Parece um festival de teatro, com encenações de monólogos, às vezes simultâneas, onde todos são artistas, mas ninguém é público.
Nessas horas, imagino um assunto que desperte o interesse de todos, não só para encadearem suas falas, mas para fazê-los ouvir as falas alheias, para concordarem, discordarem. Para viabilizar a tal da comunicação, essencial numa conversa. E acho que o vinho pode ser o mote para essa boa conversa - qualquer assunto pode resultar numa boa conversa.
Minha
proposta para que essa conversa aconteça é simples: junte quem sabe um
pouco, muito ou nada de vinho, cada qual com sua taça, para que o vinho
lubrifique o cérebro dos presentes, e assim facilitar o fluxo de conhecimentos,
desconhecimentos, curiosidades e tudo o mais que a língua pinçar da
mente. Nessas condições, para quebrar o gelo, conte uma estorinha em que o
vinho seja protagonista ou coadjuvante. Em seguida, com os cérebros
lubrificados pelo vinho, cada qual deixa fluir questões relacionadas aos temas
apresentados, com toda a liberdade que cada mente puder proporcionar. A partir
dos temas lançados, cada qual escolhe sobre o que falar, buscando encadear sua
fala com o que vai sendo dito pelos presentes. Ouvindo e falando. Como numa
conversa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário